Conheça alguns insetos aquáticos da Amazônia

29/03/2014 21:45

    Como o próprio nome da ordem já diz ephemero (palavra de origem grega significa: rápido, passageiro) nome esse que está relacionado com a fase adulta, podendo viver por horas não ultrapassando alguns dias. Os efemerópteros são insetos aquáticos de origem primitiva, tendo registro fóssil do Carbonífero.

 Enquanto é uma ninfa, o Ephemeroptera compensa sua fragilidade acumulando uma grande quantidade de sujeira pelo corpo. Os detritos vêm com a correnteza e grudam nos pelos longos da ninfa enquanto ela faz movimentos ondulatórios para acumular cada vez mais matéria orgânica. Quando adulto, este inseto deixa sua fase sujinha no passado.

Atualmente, a ordem possui mais de 3.000 espécies descritas no mundo, para o Brasil são registrados 300 espécies nos 73 gêneros alocados em 10 famílias. Possuem o ciclo de vida com metamorfose incompleta: ovos, larvas (ninfas), tendo uma fase exclusiva chamada subimago (ou pré-adulto) e adulto.

Entre as fases com maior tempo de duração está a ninfa; nesse estágio ficam submersas na água doce o tempo todo. As ninfas possuem brânquias laterais e anais utilizando para a sua respiração, tanto na fase ninfa como na adulta, possui três filamentos caudais. Contam também com um sistema digestório completo começando com uma boca com fortes mandíbulas, geralmente variando entre detritívoras alimentando-se de restos de detritos e algas; algumas são predadoras vorazes.

O gênero Tricorythodes possui uma curiosidade nessa fase, a ninfa acumula detritos (pequenas partículas) em suspensão, do qual ficam grudadas nos seus vários pelos do corpo. Esse comportamento ainda não está bem esclarecido, mas presume-se que pode ser usado para a sua proteção e camuflagem.

Tricorythodes

O gênero Tricorythodes possui uma curiosidade nessa fase, a ninfa acumula detritos (pequenas partículas) em suspensão, do qual ficam grudadas nos seus vários pelos do corpo. Esse comportamento ainda não está bem esclarecido, mas presume-se que pode ser usado para a sua proteção e camuflagem.

Outra curiosidade, mas agora é na própria morfologia da ninfa do gênero Euthyplociidae. As mandíbulas são bem maiores do que a cabeça, dando um aspecto bem interessante e assustador, mas esses pequenos insetos não fazem mal para nós humanos, então não se preocupem.

Ninfa do gênero Euthyplociidae

São encontradas normalmente em águas com fluxo rápido bem oxigenado, tendo menos espécies em lagos e rios mais lentos. Bem diferente da fase adulta a ninfa é capaz de viver por cerca de algumas semanas até três anos. Possuem um importante papel ecológico, ajudando na ciclagem de nutrientes e também servindo de alimento para peixes e diversos invertebrados. São utilizadas em programas ambientais para verificar a qualidade da água juntamente com mais duas ordens: Plecoptera e Trichoptera formando a sigla (EPT), devido à sua elevada tolerância com a poluição.

Ninfa do gênero Callibaetis (vista dorsal)

Os estágios subimago e adultos são caracterizados por terem um corpo mole e por não se alimentarem, possuem um sistema digestório atrofiado devido à falta de necessidade, pois nessa fase seu principal objetivo é somente a reprodução.

Adulto do gênero Callibaetis

Outras características da fase adulta: peças bucais não funcionais e bem reduzidas, os machos possuem as pernas anteriores modificadas para segurar a fêmea durante a cópula (vôo nupcial), as fêmeas depositam os ovos tanto deslizando seu abdômen por baixo da água ou submergindo seu ápice abdominal abaixo da superfície.

Adulto do gênero Cloeodes

 

Curiosidades

Belostoma: O paizão das baratas
O macho de Belostoma, a popular barata d’água, tem uma grande responsabilidade em sua fase adulta. Após acasalar, a fêmea põe os ovos nas costas do macho, que os protege até o nascimento dos filhotes, buscando inclusive ficar em locais com boa oxigenação, dentro da água, para que eles se desenvolvam sem problemas. A fêmea Belostoma é esperta, pois assim o macho protege os ovos de predadores e dele mesmo, já que todos Belostomatidae são predadores, também.
 
Chironomidae: O caroneiro das águas             
 
A larva do Chironomidae Ichthyocladius não dispensa uma boa carona do peixe Trichomycterus, que habita o fundo dos rios. A larva se gruda no corpo do peixe e viaja tranqüila enquanto se alimenta de toda a espécie de pequenos detritos que estejam no peixe. É um caroneiro que não faz mal ao peixe, mas a ciência o chama de parasita.
 
 
Trichoptera: Os engenheiros da natureza 
 
Os casulos produzidos pelas larvas da Trichoptera são verdadeiras obras arquitetônicas. As formas variam entre tubos de grãos de areia a cubos perfeitos de pequenos galhos. Também há redes tecidas em detalhes para aguentar até a mais forte das correntezas. Além de belos, os casulos têm funções importantes, como proteger a larva ou auxiliar na captura de alimentos.

 

Fonte: INPA, Instituto Aprenda Bio

Fotos: Márcio Cutrim, Fernando da Costa Pinheiro, Enide Luciana Belmont, Edmundo Guerrero.