Denaquiê e Tainacã

31/01/2014 18:07

A Lenda de Denaquiê e Tainacã conta como o povo Carajá se tornou especialista no cultivo de plantas e também o porquê que a harpia tem um pio tão poderoso podendo ser ouvidos a longa distância.

Denaquiê e Tainacã

Há muito tempo o povo Carajá não sabia cultivar as plantas e viviam somente da caça, da pesca e das colheitas na floresta. Na aldeia Carajá havim duas irmãs Imaerô a mais velha e Denaquiê a mais nova. Um dia as irmãs olhavam o céu junto a seu pai que lhes contava lendas passadas de geração a geração pelos seus ancestrais. De repente Imaerô a mais velha sentiu algo muito forte ao ver uma estrela grande e brilhante e perguntou ao pai:
_ O que é aquilo pai?
E o pai respondeu:
_ Aquela é Tainacã a grande estrela, mas fica muito longe e é impossível um ser aqui da terra possuí-la.
Imaerô ficou observando e se perguntava por que sentia uma grade atração por aquela estrela.

A noite quando todos dormiam Imaerô ouviu um barulho e logo pergunto:
_ Quem é?
E Uma voz calma respondeu:
_ Sou eu... Tainacã.
Rapidamente Imaerô chamou o pai e sua irmã mais nova Denaquiê pedindo-lhes
Que trouxessem luz, e quando o pai de Imaerô aproximou-se com a tocha a luz revelou um velho de cabelos branco como algodão, espantada e com raiva Imaerô expulsa o velho índio dizendo:
_vá! Não quero me casar com um velho sem forças para lutar!
Nos tempos tribais as moças sempre queriam casar-se com os guerreiros mais fortes da tribo e Tainacã era um índio velho e frágil.
Tainacã triste por ter vindo de tão longe por alguém e que chamou por ele e logo ter sido rejeitado segui em passos vagarosos para fora da maloca. Comovida e com pena de Tainacã, Denaquiê logo sai e vai a encontro de Tainacã, de longe ela grita:
_Não vá! Eu caso com você!
Tainacã feliz abraça a bela índia e logo anuncia à tribo o casamento.
_Vão e tragam comida e bebida! Vamos celebrar a união do reino celeste e tribal.
No dia seguinte pela manhã Tainacã chama Denaquiê e seu pai e diz:
_Grato fico por ter me dado muita felicidade, em troca irei retribuir lhes ensinar a cultivar seus alimentos para que não precisem procurar frutos tão longe da aldeia.
Tainacã seguiu em direção ao grande rio e até que as águas cobrissem sua cintura, depois mergulhou trazendo nas mãos sementes de milho e em sucessivos mergulhos trazia as mais diversas sementes até hoje cultivadas pelos Carajás, saindo das águas Tainacã segui em direção a Denaquiê e diz:
_Estou indo até a floresta, irei abrir uma clareira para plantar essas sementes, não quero que ninguém vá comigo e nem vá ao meu encontro. Preciso fazer isso sozinho.
Tainacã caminha floresta adentro. Ao por do sol Denaquiê preocupada pela demora do marido decide desobedecer a ordens e vai até a clareira onde ele iria plantar as sementes tiradas do fundo do grande rio, chegando lá não encontra ninguém e logo a preocupação aumenta, a bela índia dobra os olhos para observar o outro lado da clareira e depara-se com um belo índio forte que estava abaixado mexendo com as mãos um punhado de terra e logo pergunta:
_Jovem guerreiro, viste um velho índio de cabelos branco nesta clareira? Ele é meu marido, já é velho e não tem forças para trabalho pesado, estou preocupada.
O jovem guerreiro fica de pé e sorrindo diz:
_ Sou eu Denaquiê, Tainacã, seu marido. Assumi a forma de um velho para testar o amor que Imaerô dizia ter por mim e vi que foi uma idéia muito boa, assim pude descobrir o verdadeiro amor que vem de você.
De mãos dadas seguiram para a aldeia. Chegando lá Imaerô com ira imediatamente solta um grito alto que ecoou floresta adentro ao ver a felicidade de Denaquiê e Tainacã que agora assumira a forma de um forte guerreiro. Os deuses vendo à ira e a inveja de Imaerô a transformou em uma harpia que hoje voa palas matas soltando gritos que podem ser ouvidos a longa distância.

 


Fonte: Amazonas Lendas. De Cláudio Neto.