Kaxinawá

30/03/2014 20:57
Yube volta das profundezas
Retorna o ser humano
Vive na floresta
Huni kui soberano
 
Visão do mundo do cipó
Yuxin, o espiritual
Mostra a cura, a ação
De como combater o mal
 
Caminha pela floresta o velho xamã
Bebe a ayahuasca, inala o rapé
O lado invisível da realidade
No transe do pajé
 
Ritual Nixpupimá
O batismo do Kaxinauá
Festa do fogo novo,Nixpupima,Dau
Ritual de fertilidade, Katxanawá
 
Nos sapos espírito Kambô
Jibóia Branca, Sete-Estrelo
Mukaya, transcendência no terreiro.
Kaxinauwá, homem verdadeiro
 

Glossário:

 

Yube:O mito fundador Kaxinawá explica também a origem do uso de uni ou cipó de ayahuasca - com que se produz uma bebida enteógena utilizada ritualisticamente. Segundo o mito, houve um homem, Yube, que, ao se apaixonar por uma mulher-anaconda, transformou-se em anaconda também e passou a viver com ela no mundo profundo das águas. Lá, Yube descobriu uma bebida com poderes de cura e de acesso ao conhecimento. Um dia, sem avisar a esposa-anaconda, Yube decidiu voltar à terra dos homens e retomar a sua antiga forma humana.

 

Huni kui e Yuxin :A maior parte dos mitos de origem ligados a um bem cultural (o roubo do fogo, a tecelagem, o desenho, a cerâmica, o plantio etc.) contam como este bem, ou a arte de produzi-lo, foi dado aos humanos por um animal. Mas não era um animal qualquer. Este animal “é huni kuin encantado”. Sendo assim, o yuxin que estava nesse animal comunicou aos homens suas qualidades. Não por acaso, foi o esquilo que ensinou ao homem a arte de plantar (sabemos que o esquilo se caracteriza por guardar, estocar comida durante muito tempo, o que é necessário para plantar). O macaco prego ensinou o ser humano a copular. Este macaco adota uma posição face a face no coito, uma posição excepcional entre os animais. Quando se tratou de “traduzir” este hábito animal em comportamento humano, os yuxin transformaram-se em gente para a percepção humana. Desta maneira viveram durante algum tempo entre os homens, sob forma humana, a rata parteira (xuya), a aranha tecelã (Baxem pudu) e outros.

Ayahuasca:Ayahuasca, nome quíchua de origem inca, refere-se a uma bebida sacramental produzida a partir da decocção de duas plantas nativas da floresta amazônica: o cipó Banisteriopsis caapi (mariri ou jagube), que serve como IMAO e folhas do arbusto Psychotria viridis (chacrona ou rainha) que contém o princípio ativo dimetiltriptamina.

Rapé:O rapé (do francês râper, "raspar") é o tabaco (ou fumo) em pó para inalar.

Nixpupimá:Conjunto de rituais que acontecem cada três ou quatro anos no xekitian, tempo do milho verde (dezembro e janeiro).

Festa do fogo novo,Nixpupima,Dau: São rituais do povo Kaxinawá

Katxanawá:Rito de Fertilidade

Kambô: É como a tribo kaxinawá chama uma rã verde, e também como chamam a aplicação da secreção (veneno) em seres humanos.

Jibóia Branca, Sete-Estrelo: São lendas do povo Kaxinawá

Mukaya:Os Kaxinawa afirmam que os verdadeiros xamãs, os mukaya, aqueles que tinham dentro de si a substância amarga e xamânica chamada muka, morreram, mas este fato não os impede de praticar outras formas de xamanismo, consideradas menos poderosas mas que parecem igualmente eficientes.